quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Álcool prejudica bebês

Grávidas que bebem podem causar síndrome alcoólica nos fetos

Pâmela Oliveira


Rio - Não existe dose alcoólica segura para gestantes. Ou seja, uma latinha de cerveja ou qualquer outra dose de bebida alcoólica pode comprometer a saúde do bebê que está sendo gerado. O alerta foi feito no Congresso Brasileiro de Neurologia. Segundo estudos, gestantes que consomem algum tipo de álcool expõem seus bebês a Síndrome Alcoólica Fetal, que provoca problemas neurológicos e psicológicos, como déficit de atenção, dificuldades escolares, distúrbios comportamentais, e mal-formação cardíaca e também renal. No caso de alcoolismo grave, pode ocorrer aborto.

"As pessoas têm a idéia de que o que prejudica o feto é o consumo exagerado do álcool. Mas precisam saber que com uma dose padrão de qualquer bebida, seja uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou de destilado, uma gestante com cerca de 70 quilos fica com teor alcoólico de aproximadamente 0,2g/l de sangue. Enquanto o feto recebe a mesma quantidade para um peso muito menor", diz o neurocientista José Mauro Braz de Lima, presidente da sociedade Brasileira de Alcoologia.

Segundo o médico, quando a mulher grávida consome álcool é como se "desse uma injeção de álcool no feto".

"O feto recebe pelo cordão umbilical o equivalente a uma injeção de álcool. Isso vai prejudicar a formação do fígado, do cérebro, do coração e outros órgãos. O bebê pode nascer sem problemas visíveis, ter bom desenvolvimento nos primeiros meses, mas com o passar dos anos vai ter problemas na escola e de comportamento não explicáveis. Mas que tiveram início ainda na gravidez", diz José Mauro, que é professor de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O problema do consumo de álcool na gravidez é tão sério que o governo americano criou uma força tarefa para coibir a prática, afirma o médico. De acordo com dados norte-americanos e europeus, estima-se que cerca de 10% a 20% das grávidas consumam bebida alcoólica durante a gestação. José Mauro afirma que o consumo no Brasil é semelhante. E defende campanhas públicas para esclarecer a sociedade sobre o risco.

"No Brasil, o consumo de álcool é muito elevado. Bebe-se muito e muitas jovens grávidas bebem, principalmente cerveja", afirma, alertando que quando o consumo do álcool ocorre nos primeiros meses da gestação é mais grave.


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