sexta-feira, 19 de junho de 2009

Fetiche parte II (pras mulheres entenderem)



A vida secreta do seu sapato

Pés são a tara de um em cada três homens. Mas poucas são as mulheres que sabem reconhecer um amante dessa zona erógena. Para que você aproveite todo o potencial das suas bases, reuni informações bem calçadas.


Você sabe por que à meia-noite, quando o encanto se desfez, os sapatos de cristal da Cinderela (e só eles) não desapareceram? Puro fetichismo, querida. A história original, contada pela primeira vez 1 200 anos atrás, na China, estava mais para literatura erótica criada por um povo que já associava pés femininos com sensualidade. E sabe por que virou lenda infantil sem que ninguém estranhasse? No fundo, todos nós achamos a fissura por pés uma coisa natural; inconscientemente acreditamos que têm mesmo tudo a ver com sexo. Quer ver só?

Beijar, lamber, morder

Pare e pense: se sapatos femininos não fossem acessórios eróticos, atitudes aparentemente sem sentido - como a do casal João e Beatriz Vidal, ambos de 30 anos, que já beberam champanhe em escarpins recém-comprados - não pareceriam excitantes. Assim como muitos homens não perderiam o “ânimo” diante de uma deusa… de pés desleixados. Tiago Moraes, de 25 anos, é um deles. Jura que não conseguiria transar nem com a Jennifer Lopez se tivesse tal falha. Exagero? Especialistas calculam que cerca de 30% da população masculina do planeta sente igual fascínio. Então, há boas chances de você se envolver com um sujeito que a coloque num altar só para poder beijar, lamber, morder essa parte do seu corpo. “É UM CARINHO diferente”, fala Renata Rode, de 29 anos. “A primeira vez que pintei as unhas de esmalte quase branco e coloquei uma sandália prata para ir a um casamento, meu namorado ficou maluco. Assim que saí do quarto, veio direto beijar meus pés. Outro dia, massageava-os enquanto eu conversava com uma tia à beira da piscina. Até depois de uma corrida, tira meu tênis, as meias e mima-os. Acho isso louco, mas gosto.”

Dedos mais desejáveis que seios e bumbuns
Talvez você também estranhe a princípio, mas não há com que se preocupar. Um namorado que delira mais com seu tornozelo do que com aquilo que você tem dentro da calcinha não é nenhum depravado. Caio Perez, de 24 anos, cansou de levar bronca da mãe porque desde menino tirava os chinelos da prima mais velha para beijar-lhe os pés. Adiantou? Nada! Agora, o que o deixa louco são sandálias de salto agulha e unhas pintadas de vermelho. A cor do esmalte não é unanimidade entre esses amantes, mas o formato do salto, sim. Quanto mais alto e fino, mais alonga a perna, empina o bumbum e torna o andar sinuoso e sexy. Além disso, pés nas alturas parecem menores, delicados, frágeis.

Tamanho importa - para menos
Embora existam doidos por tamanhos de 38 para cima, a maioria se amarra é no 35. Não por acaso, ao longo da história as mulheres calçaram instrumentos de tortura, como as sapatilhas chinesas: tinham em média 8 centímetros e, para usá-las, as meninas enfaixavam os pés desde a infância. No Ocidente, foi o surgimento do salto alto, levado para a corte francesa por Catarina de Médicis em 1533, que instigou o mulherio a sacrifícios. Mergulhava os dedinhos em travessas cheias de gelo para conseguir entrar em bicos estreitíssimos; e beldades da Veneza medieval caminhavam apoiadas em bengalas, única forma de se equilibrar sobre as plataformas que as tornavam 20, 40, às vezes 60 centímetros mais altas.

Por que ser fã de sandálias
Elas ganham de dez a zero em matéria de calçado ideal para seduzir (botas são as preferidas de fetichistas com tendência sadomasoquista, o que já é outra história). Tanto que Afrodite, a deusa grega do amor, era freqüentemente representada nua, usando apenas um par delas. Eterno símbolo de sedução, sandálias sempre atraíram olhares de desejo - ainda mais as folheadas a ouro das cortesãs gregas, com tachinhas na sola, que imprimiam o convite “sigame” no chão por onde caminhavam, e as de dedo feitas de papiro e couro cru que as egípcias ricas adornavam com pedras preciosas. Um luxo só!

O cinema também tem cenas clássicas de podolatria. O filme "Um drink no inferno", tem uma delas.

Os homens que se rendem a seus pés
Como é do interesse dos fetichistas assumidos que você os reconheça, os próprios deram pistas de quem são:

1. Começam as preliminares pelos pés.

2. Quando conhecem você, olham logo para baixo (e não é por timidez).

3. Fazem “sexo oral” em seus dedos, explorando com a língua o espaço entre eles.

4. Ficam ouriçados com o roçar da ponta do seu pé no corpo deles.

5. Adoram espiá-la pintando as unhas e palpitam na cor.

6. Percebem quando você está de sandália nova e lembram a que usava no primeiro encontro.

7. Curtem (e sugerem) todo tipo de enfeite, de tatuagens a anéis de dedo e pulseiras de tornozelo.

8. Não estão nem aí para o fato de seus pés não cheirarem como um roseiral.

Eles são assim, segundo uma explicação científica, porque a região do cérebro que controla o pênis fica perto daquela responsável pela sensibilidade dos pés. Quanto mais próximas estiverem tais terminações nervosas, maiores serão as chances de o homem fazer parte desse grupo. Verdade ou não, uma coisa é certa, e foram os próprios fetichistas que nos contaram: cada tipo de sapato que usamos passa uma mensagem, e é bom você conhecer as principais para saber onde pisa:

Mulheres de salto significam algo como “Tenho sexo à flor da pele”. Plataformas revelam uma sensualidade irreverente de quem gosta de brincar na vida e na cama. Sandálias de dedo são pura feminilidade. O poderoso stiletto (salto imenso e bico fino) sinaliza que aí vem uma mulher pronta para provocar. Muito cuidado, porém, com ele porque, em Sexual Intelligence, o novo best seller de Kim Cattrall (a Samantha da série Sex and the City), o terapeuta Michael Bader faz uma ressalva: “Com esse tipo, muitos homens acham que podem fazer o que quiserem sem sentir um pingo de responsabilidade”.

A vingança da Mente...


Fetiche é uma noção ligada à psique e à sociologia marxista. É a idéia de que o ser humano é capaz de projetar elementos da sua psique e “dar vida” a um objeto inanimado. Quando temos tesão por roupas e sapatos estamos a dar vida a estes objetos com o sentido que a eles imputamos. Na sociologia marxista, quando dizemos que é o dinheiro que faz o mundo girar estamos também dando vida a um objeto inanimado e incapaz de agir, botando à sombra as relações de dominação entre os homens que realmente fazem o mundo funcionar da maneira que funciona.