sábado, 18 de outubro de 2008

SÍNDROME DE POPEYE E A POESIA.





"Onde o que eu sou se afoga

Meu fumo e minha ioga

Você é minha droga

Paixão e Carnaval

Meu zen, meu bem, meu mal"

(Caetano Veloso)



Onde é que o "eu", que eu sou se afoga? No amor, na paixão, ou na droga?

E que elos uniriam, porventura, esta última ao objeto do amor (ou do gozo)?Eros ou Thanatos?

E zen: é paixão ou quietude? Prazer ou nirvana? Busca, submissão, desistência ou entrega? Vida ou morte?

E o que, finalmente, pretendia com "carnaval" significar o poeta?A transgressão do proibido, ou algum intervalo autorizado de gozo (se é que isto existe)?

A ambigüidade poética desnuda e esconde os segredos do sentido. E a questão das drogas parece querer dissimular, por trás da obviedade da busca compulsiva de um prazer imediato e irrestrito, os enigmas da existência no mundo ocidental contemporâneo.

Onde quer que a droga compareça - seja na clínica ou nas discussões universitárias e acadêmicas - ela sempre busca apresentar-se como a questão essencial.

Contudo, quanto mais a encaramos, munidos de olhos e ouvidos psicanalíticos, aquilo que pretende mostrar-se como a questão principal termina por evidenciar-se como mais um sintoma a serviço da tentativa de calar aspectos fundamentais da vida e da subjetividade nos nossos dias. Digo isto sem qualquer intenção de minimizar a relevância do problema: seja para cada drogado, em particular, seja para a sociedade, de modo genérico.
"De nada vale tentar ajudar aqueles que não se ajudam a si mesmos." Confúcio

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